ARTIGO: LIXO ELETRÔNICO E SEU IMPACTO AMBIENTAL
Por
Arivano Sousa*
RESUMO
Por
volta da década de 70 foi criado o chip, que
por sua vez o processo de fabricação de equipamentos eletroeletrônico foi
intensificado. Foi muito bom para milhões de lares mundo afora e para as
organizações, que puderam otimizar processos, diminuir custos e melhorar a
produção em geral. No entanto, essa tecnologia tem sido efêmera, sofrendo
rápida obsolescência e, que se não tiver uma destinação adequada, gera o lixo
eletrônico. Por isso o presente trabalho discute o tema, que é novo e
desafiante. Além da efemeridade da tecnologia, vale ressaltar outros atores que
têm contribuído com o aumento do lixo eletrônico, e o que pode ser feito para
conter a onda desse tipo de lixo. Embora o problema está no presente, é de
salutar importância um olhar no futuro para se tomar uma decisão no qual
preserve a sustentabilidade das ações, contribuindo diretamente com o
equilíbrio econômico, social e ambiental.
Palavras-chave:
Lixo eletrônico. Meio ambiente. Sustentabilidade.
1 INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea, dentre outras
características, tem em seu aspecto o ser high-tech.
E a cidade de Manaus/AM abriga o maior polo industrial eletroeletrônico do
Brasil. Assim, apresenta fatores que favorecem um elevado aumento de consumo
desse tipo de bem. A tecnologia está presente em todos os setores dessa
comunidade global, principalmente na comunicação. Contudo o desenvolvimento tem
apresentado uma conjuntura negativa: o lixo doméstico e industrial, que são
motivos de preocupação para muitos gestores públicos.
O lixo é um problema sério, porque contém
substâncias nocivas que podem contaminar o homem e o meio ambiente. E seguindo
essas mesmas características, a tecnologia empregada no desenvolvimento da
sociedade tem deixado um “rastro” de sujeira. É a tecnologia ultrapassada; também
chamada de lixo eletrônico.
No entanto, se por um lado o lixo eletrônico
é um tema ressente; as preocupações com o meio ambiente não são. Assim, com o
advento da tecnologia efêmera, é crescente o número de equipamento eletroeletrônico
obsoleto, aumentando, também, a preocupação com a destinação adequada dos mesmos.
A tecnologia por mais importante que seja se faz necessário estudar o impacto
no meio ambiente, buscando apresentar soluções sustentáveis.
O intuito maior que
levou a abordar essa temática é porque muito interessa à sociedade, uma vez que
a mesma cria e desenvolve, mas não dá uma destinação adequada ao lixo
tecnológico. Pensar reengenharia como ferramenta que pode mitigar os efeitos
negativos do lixo eletrônico.
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Na última década, o tema da
sustentabilidade ganhou muita importância no cenário das organizações. Com isso
a mídia dá destaques às ações “sustentáveis” dessas organizações. Entretanto
entre o discurso e a ação o que de fato vem a ser DS?
O Relatório Brundtland,
(1989, apud DIAS, 2005, p. 120) da ONU, define o DS como sendo “aquele que
atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.
Portanto um grande
desafio para a sociedade no geral. Isso porque há uma necessidade de mudar maus
hábitos interiorizados nas pessoas. Para Dias, (2005, p. 94) “Mudar o paradigma
social (uso infinito dos recursos) para o novo paradigma do desenvolvimento
sustentável”, é fundamental para que o DS seja posto em prática.
E essa mudança de paradigma é
conquistada através da difusão da Educação Ambiental. Assim, promoverá a
responsabilidade entre homem e natureza; convocando os cidadãos a serem corresponsáveis
nas ações no meio em que vivem. A EA, por sua vez, consiste na disseminação de
práticas sociais e ambientalmente corretas. Dias, (2005, p. 94) afirma que: “a
EA deverá ser capaz de catalisar o desencadeamento de ações que permitam
preparar os indivíduos e a sociedade representativa para o paradigma do DS.”
Dentro do aspecto do
desenvolvimento sustentável é apresentado a questão da responsabilidade do
homem com a natureza. Em uma sociedade com pessoas ambientalmente conscientes,
(por meio da EA) os impactos na natureza podem atenuar ou até mesmo eliminar os
efeitos negativos da ação humana. Para Maximiano, (2004 p. 407) o “princípio da
responsabilidade social baseia-se na premissa de que as organizações são
instituições sociais que existem com autorização da sociedade, utilizam os
recursos da sociedade e afetam a qualidade de vida da mesma”.
A ideia da responsabilidade
social, embora não seja nova, ganhou muita força quando a deterioração dos
ecossistemas, provocada pela poluição, estimulou o debate sobre os benefícios e
malefícios da sociedade capitalista.
Uma vez a sociedade formando
pessoas responsáveis com o meio ambiente, passarão à adotar novas e
sustentáveis práticas. Os 3 R´s: Redução, Reutilização, Reciclagem, são algumas
dessas práticas. Para Rizzo, (2007 apud PINTO, 2009, p. 19) o conceito dos 3
R´s “deveria estar presente no currículo escolar de todos os alunos. Educar as
crianças é mais eficaz, elas se sensibilizam. A criança vê na escola e coloca
na prática em suas casas”.
Segundo Pinto, (2009, p. 20)
o princípio da redução consiste em diminuir os bens de consumo. A tecnologia
sofre rápida obsolescência, apresentando inovações. Os usuários, por sua vez,
antenados nas novidades do mundo eletrônico querem e compram os lançamentos. Já
as organizações não são muito diferentes, uma vez que troca seu parque tecnológico
toda vez que o mesmo fica obsoleto. A competitividade acaba forçando as
empresas e instituições a tomarem essa atitude.
É interessante observar que o
que impulsiona esse desenvolvimento é a criação de softwares, pois para que o novo sistema funcione é necessário que o
hardware tenha a capacidade de
processamento desejável para sua implantação. E isso acaba levando as
organizações a trocarem não somente de sistema ou programa, mas também os
equipamentos eletrônicos.
Reutilizar é outro modo comum que,
se colocado em prática, contribui e muito com o meio ambiente. Pinto, (2009, p.
20) ressalta que considerando que muitos dos componentes eletrônicos são
nocivos ao meio ambiente, a reutilização de peças e componentes são
extremamente necessários. No entanto, como reutilizar algo que não funciona ou
se funciona é um equipamento obsoleto? A organização poderá doar seu parque
tecnológico ultrapassado para ONG que trabalha com inclusões digitais ou
cooperativas que processam esses materiais, dando outras finalidades para o
lixo tecnológico.
A reciclagem constitui-se uma
prática muito mais comum que o de reutilizar. Hoje se recicla quase todos os
materiais existentes. E com a reciclagem há um ganho de economia de energia,
uma vez que para se conseguir a matéria prima dos bens serão gastos menos
recursos; uma economia em torno de 30%, é o que afirma Bullara, (2008 apud
Pinto, 2009, p. 21). A IBM e a Microsoft, por exmplo, possuem um programa de
reciclagem de PCs, que são doados posteriormente a organizações sem-fins
lucrativos. Outras empresas, como Compaq, Toshiba, Dell, Sharp e Unisys
participam de programas “take back”
(pegar de volta), onde o usuário paga uma taxa no ato da compra que inclui os
gastos com a devolução e reciclagem do material, conforme Lucena, (2001, p.
23).
Outra vantagem oferecida pela
reciclagem de materiais é a possibilidade de empregar famílias com a venda
desses materiais. A reciclagem proporciona a inclusão econômica de inúmeras
famílias que sobrevivem do lixo; beneficiando, portanto, diretamente, pessoas
carentes.
Por fim tem-se a tecnologia
Workflow que, segundo Cruz, (2002, p. 223) é: “A tecnologia que possibilita
automatizar processos, racionalizando-os e potencializando-os mediante dois
componentes implícitos: organização e tecnologia”. Cruz, (2002, p. 223)
enfatiza ainda que o workflow por ser uma ferramenta que visa automatizar e
suportar qualquer tipo de processo de negócio, ela é de grande valia para as
organizações. Isso porque fará com que as instituições usufrua ao máximo a tecnologia
empregada, otimizando os processos.
Ainda hoje os processos, na
grande maioria das empresas continuam sendo passivos. Assim como suas
atividades e seus sistemas. Por causa disso, os ganhos que poderiam advir com a
implantação das novas tecnologias ficam aquém do esperado, conforme Cruz,
(2002, p. 223). E o workflow uma vez implantado vai gerar um ativo
informacional para toda a organização, facilitando e otimizando os processos.
Numa pesquisa feita em 2010[1], demonstra que a maioria
dos entrevistados pouco ou nada sabem sobre ferramentas de otimização
computacional. No gráfico 1, 59% (cinquenta e nove por cento) dizem não
conhecer as medidas para manter a boa usabilidade dos equipamentos de
informática. É o que preconizava Tadeu Cruz sobre tecnologia do Workflow. A empresa de tecnologia da
Previdência Social (Dataprev) disponibiliza em todos os computadores programas
de otimização e segurança dos micros como VirusCan, Ccleaner, Cocar e Cacic. Uma
situação ruim é que muitos dos servidores não sabem utilizar programas, como
por exemplo, o Calc, programa que elabora planilhas profissionais de cálculos,
que poderia ser muito útil no dia-a-dia dos servidores, auxiliando-os na
organização e no acompanhamento dos processos atendidos. Somados a tudo isso, os
computadores apresentam muitos problemas que inviabilizam o bom atendimento dos
segurados; sendo que um cuidado utilizando as ferramentas disponibilizadas,
melhoraria o desempenho dos micros, aumentando até mesmo a vida útil dos
mesmos.
3
LIXO ELETRÔNICO
O lixo eletrônico ou lixo
tecnológico sofreu forte aumento depois da euforia tecnológica que marcou as
últimas décadas. Jayo; Valente, (2010, p. 54) afirmam que hoje existem 1,7
bilhões de computadores pessoais em uso no mundo, o que significa,
aproximadamente, um PC disponível para cada quatro habitantes. No Brasil, com
um parque instalado de 60 milhões de PCs,
essa proporção é de um PC para três
habitantes, com perspectivas de evoluir até 2012 para um PC para cada dois habitantes.
Segundo Pinto, (2009, p. 34)
o conceito de lixo eletrônico é: “todo material descartado, proveniente de
qualquer aparelho eletroeletrônico”. Há dois tipos de lixo eletrônico, e que em
alguns casos as pessoas não os diferenciam, provocando confusão; são o lixo
virtual e o lixo físico.
O lixo virtual só existe no
mundo virtual, ou seja, é intangível. Ocorre quando a caixa de correio
eletrônica passa a receber e-mails indesejáveis de inúmeras propagandas. O e-waste é também conhecido comumente
como “spam”. Hoje os spams estão mais sofisticados, pois os
envios de e-mails indesejáveis se dão a partir dos contatos de uma lista de
e-mails conhecidos e automaticamente. Pode acontecer, em alguns casos, que a
pessoa esteja enviando “spam” sem que ela mesma saiba.
O lixo físico é propriamente
dito, o físico, o tangível. Se enquadrando nessa categoria todos os eletroeletrônicos.
Entre eles: TVs, aparelho de som, DVDs, micro-ondas, centrais de ar,
geladeiras, aparelho de fax, celulares, mp3, mp4, mp7, monitor, computador,
notebook, palmtop, impressoras, no-break, estabilizador, circuitos integrados,
e muitos outros. Além de se caracterizar pela rápida obsolescência, o lixo
eletrônico possui em sua composição substâncias tóxicas, tais como alumínio,
berílio, cádmio, chumbo, cobre, ferro, cobalto e outros.
Um dos problemas do lixo é
eletrônico apresentar em sua composição elementos que podem prejudicar a saúde humana,
animal, aquática e vegetal. Em um relatório divulgado em fevereiro deste ano, a
ONU alerta que o Brasil é o mercado emergente que gera o maior volume de lixo
eletrônico a cada ano, segundo Valeparaibano, (2010, p. 7). Por ano, o país
abandona 96,8 mil toneladas de PCs,
perdendo apenas para a China com 300 mil toneladas. Diante dessa verdade a ONU
pede que os países adotem medidas estratégicas para conter o aumento
extraordinário desse tipo de lixo. Porque grande parte desse lixo é acumulada
sem qualquer controle, provocando impacto ambiental e comprometendo a saúde
humana.
O problema do lixo é em parte
também dos administradores públicos. Às vezes tem até conhecimento sobre o
tema, entretanto não tem projetos para esse tipo de lixo. Isso foi constatado
numa entrevista com o secretário do Meio Ambiente do município de Imperatriz. O
responsável informou que existe um projeto para a criação de um aterro
sanitário no município, mas que, no entanto, não tem projeto para o problema do
lixo tecnológico na cidade.
Segundo Vinícius, (2010, p.
73) na tabela 1 são apresentados alguns problemas de saúde humana acometidos
pela destinação inadequada de metais pesados.
Tabela
1 – Problema de saúde acometido pelo lixo eletrônico
|
METAL
PESADO
|
PRINCIPAIS
DANOS CAUSADOS À SAÚDE HUMANA
|
Alumínio
|
Favorece
a ocorrência do mal de Alzheimer e tem efeito tóxico sobre as plantas.
|
Arsênio
|
Pode
provocar câncer da pele e dos pulmões e anormalidades cromossômicas.
|
Bário
|
Tem
efeito vasoconstritor, causando problemas cardíacos.
|
Cádmio
|
Provoca
descalcificação óssea, lesões nos rins e afeta os pulmões; tem efeito
cancerígeno.
|
Chumbo
|
Causa
dores de cabeça e anemia; age no sistema nervoso, renal e hepático.
|
Cobre
|
Causa
intoxicação; afeta o fígado.
|
Cromo
|
Afeta
o fígado e os rins; favorece a ocorrência de câncer pulmonar.
|
Mercúrio
|
Provoca
lesões no cérebro; tem ação teratogênica – malformação de fetos durante a
gravidez.
|
Níquel
|
Tem
efeito cancerígeno (atua diretamente na mutação genética).
|
Prata
|
Tem
efeito cumulativo, 10 g de nitrato de prata são letais ao ser humano.
|
Zinco
|
Entra
na cadeia alimentar, afetando principalmente os peixes e as algas.
|
Fonte:
MCTC
|
4 CONCLUSÃO
O presente artigo procurou
discutir o assunto lixo eletrônico e seu impacto no meio ambiente de maneira
objetiva e sintética. No estudo do tema foi possível vislumbrar a gravidade do
problema e sua complexidade. Ao se mencionar o impacto, seja ele de qualquer
natureza, é dado o desafio de entendê-lo no ambiente em que está inserido, o
princípio-causador do mesmo.
Assim,
a tecnologia tem avançado rapidamente e inutilizando os equipamentos eletroeletrônicos
usados. Alguns culpam o capitalismo pelo empobrecimento dos recursos naturais e
o aumento da miséria humana no mundo. Entretanto, vale ressaltar que o sistema
capitalista é formado por pessoas. Então, onde estaria o problema, no sistema
capitalista ou na falta de conscientização das pessoas que compõem esse
sistema? Daí surge o desenvolvimento sustentável, que vem a ser o equilíbrio
entre desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Sabe-se
que neste tripé, a base do desenvolvimento sustentável é a promoção e
disseminação da educação ambiental. E isso começa nos primeiros passos dados
pelas crianças na escola; passando por todos os setores da sociedade, pública
ou privada; sendo primordial envidar todos os esforços no sentido de alcançar a
sustentabilidade.
Em
pauta é sugerido colocar em discussão a conscientização ambiental da sociedade
em geral por meio da mídia e educação de base: ensino fundamental e médio, promovendo,
assim, a educação ambiental. Uma vez a sociedade formando pessoas responsáveis
com o meio ambiente, passarão à adotar novas e sustentáveis práticas. Os três R´s:
Redução, Reutilização, Reciclagem, são algumas dessas práticas.
Por
tudo isso, o presente trabalho não tem a pretensão de apresentar soluções
prontas e acabadas, mas instigar as pessoas para que saiam do anonimato para o
centro das discussões, sobre o tema meio ambiente e lixo eletrônico. Sair da
teoria de normas e condutas para ações pragmáticas; objetivando efeitos
positivos nas organizações e na sociedade em geral, conclamando a todos para
também contribuir suas ideias e ações.
REFERÊNCIAS
DIAS,
Genebaldo Freire. Educação ambiental:
princípios e práticas. 8. ed. São Paulo: Gaia, 2003.
JAYO,
Martin; VALENTE, Rafael. Por uma TI mais
verde. GV Executivo, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 54-55, jan./jun. 2010.
MOREIRA,
João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia:
volume único. São Paulo: Scipione, 2005.
ONU,
Organização das Nações Unidas no Brasil. Disponível em: <www.onu-brasil.org.br>. Acessado em
01/10/2010.
PINTO,
Flávio Nakamura. TI verde: a tecnologia
sendo influenciada pelo meio ambiente. São Paulo, 2009. [TCC – Faculdade de
Tecnologia da Zona Leste]
VALEPARAIBANO,
Jornal. Meio ambiente: ONU alerta sobre
lixo eletrônico. p.7, 23 fev. 2010.
VINÍCIUS,
Sérgio. Lugar de E-lixo não é no lixo:
Componentes eletrônicos exigem descarte apropriado para não poluir o meio
ambiente. São Paulo: Abril, 2010.